Impacto e legado
O pacto excitou as ambições da Itália, a quem foi comunicado em agosto de 1916, após a declaração de guerra italiana contra a Alemanha, com o resultado de que teve de ser complementado, em abril de 1917, pelo Acordo de Saint-Jean-de-Maurienne, pelo qual a Grã-Bretanha e a França prometeram à Itália o sul e o sudoeste da Anatólia. A deserção da Rússia da guerra anulou o aspecto russo do Acordo Sykes-Picot, e as vitórias dos nacionalistas turcos após o colapso militar do Império Otomano levaram ao abandono gradual de qualquer projeto italiano para a Anatólia.
Os árabes, no entanto, que tinham tomado conhecimento do Acordo Sykes-Picot através da publicação do mesmo, juntamente com outros tratados secretos da Rússia imperial, pelo governo russo soviético no final de 1917, foram escandalizados por ele. Este arranjo secreto entrou em conflito, em primeiro lugar, com as promessas já feitas pelos britânicos à dinastia Hachemita Ḥusayn ibn ʿAlī, sharif de Meca, durante a correspondência Ḥusayn-McMahon (1915-16). Com base no entendimento de que os árabes acabariam por receber a independência, Ḥusayn tinha levado os árabes do Hejaz à revolta contra os turcos em junho de 1916.
Embora o Acordo Sykes-Picot, os britânicos ainda pareciam apoiar a autodeterminação árabe no início, ajudando o filho de Ḥusayn Fayṣal e suas forças a pressionar a Síria em 1918 e a estabelecer um governo em Damasco. Em abril de 1920, porém, as potências Aliadas concordaram em dividir a governança da região em mandatos separados de Classe “A” na Conferência de San Remo, em linhas similares às acordadas sob o Acordo Sykes-Picot. As fronteiras desses mandatos dividiram as terras árabes e acabaram por conduzir às fronteiras modernas do Iraque, de Israel e dos territórios palestinianos, da Jordânia, do Líbano e da Síria.
P>As fronteiras dos mandatos só foram determinadas vários anos após o Acordo Sykes-Picot, o facto de o acordo ter estabelecido o enquadramento para essas fronteiras alimentou um ressentimento persistente até ao século XXI. Os pan-arábicos opuseram-se à divisão dos territórios maioritariamente povoados por árabes em países separados, que consideravam pouco mais do que imposições imperialistas. Além disso, as fronteiras dividiram outras populações contíguas, como os Curdos e os Druzos, e deixaram-nos como populações minoritárias em vários países, privando completamente as suas comunidades de autodeterminação. Momentos de tumulto político foram frequentemente recebidos com declarações do “fim do Sykes-Picot”, tais como o estabelecimento do Governo Regional do Curdistão no Iraque em 1992 ou a ascensão do Estado Islâmico no Iraque e do Levante (ISIL) em 2014. Entretanto, o Acordo Sykes-Picot é frequentemente criticado juntamente com a correspondência Ḥusayn-McMahon e a Declaração Balfour como promessas contraditórias feitas pela Grã-Bretanha à França, aos árabes e ao movimento sionista.
Os Editores da Enciclopédia Britânica